A cirrose é a fase final da doença hepática crônica, ocorre quando a arquitetura hepática normal é substituída por fibrose. O tempo de progressão da doença hepática crônica para a cirrose pode variar bastante, demora décadas no caso de uma hepatite viral ou semanas no caso de uma doença colestática obstrutiva.
Diversas causas foram listadas para o desenvolvimento da cirrose como hepatites virais, doenças autoimune, hemocromatose, doença de Wilson, deficiência da alfa1 antitripsina, álcool, má formação biliar, esteatohepatite não alcoólica.
Apesar do diagnóstico da cirrose ser histológico, ou seja, feito através da análise da biópsia hepática, a combinação do exame físico do paciente, exames laboratoriais e de imagem pode ajudar a confirmar o diagnóstico.
Os achados no exame físico estão relacionados em parte com o metabolismo do estrogênio e podem ser vistos como uma vermelhidão nas palmas das mãos, aumento das mamas nos homens, diminuição dos testículos, alterações vasculares em formato de aranha, veias dilatadas na região do abdome, aumento do tamanho do fígado e do baço. Esses achados são encontrados no paciente cirrótico compensado, ou seja, naquele que ainda não apresentou outras complicações como ascite, conhecida como barriga dágua, sangramento digestivo por varizes do esôfago ou reto e alterações neurológicas.
Cansaço, caimbras musculares e disfunção sexual podem ocorrer. Entretanto, muitos pacientes não têm sintomas e podem não notar as alterações relatadas anteriormente, mas isso não exclui o diagnóstico da cirrose. Por isso, a complementação com exames de sangue e de imagem é importante.
Os exames de sangue geralmente alterados são plaquetas baixas, albumina baixa e tempo de protrombina alargado. Já os exames de imagem como ultrassom e tomografia descrevem alterações do formato e consistência do fígado e do baço. E também podem detectar a ascite.
A maior causa de morte em pacientes com cirrose está relacionada com a progressão para a fase descompensada. Por isso, o diagnóstico da cirrose e sua causa é fundamental para determinar o tratamento e diminuir o risco de progressão da doença.
O acompanhamento desses pacientes é feito a cada 6 meses com exames de sangue e ultrassom de abdome para prevenção do câncer, já que a cirrose aumenta o risco para desenvolvimento do hepatocarcinoma. A pesquisa de varizes no esôfago é feita por endoscopia digestiva alta.
Mudanças do estilo de vida são necessárias para evitar a progressão para fase descompensada, portanto, alimentação balanceada, atividade física regular e perda de peso são recomendados. Exercícios que aumentam a pressão na cavidade abdominal devem ser evitados. Também é recomendado atualizar o cartão vacinal, principalmente as vacinas contra hepatite A e B. A ingestão de bebida alcoólica na cirrose deve ser proibida, assim como o uso de antiinflamatórios deve ser evitado.
O transplante do fígado pode ser indicado para pacientes com cirrose e para isso é necessário obedecer um escore de gravidade, o MELD (Model for End Stage Liver Disease), calculado com exames de sangue como creatinina, bilirrubina e tempo de protrombina. Quanto maior o valor do MELD, maior a gravidade do caso e então, maior a prioridade na fila do transplante.