A constipação intestinal crônica é um problema bastante comum, afetando cerca de 14% da população mundial. Mulheres são as mais acometidas, apresentando o dobro de casos em relação aos homens. Outros fatores de risco incluem idade avançada (principalmente após os 65 anos) e baixo nível socioeconômico.
O que é constipação intestinal?
Para muitas pessoas, constipação significa “intestino preso”, mas esse termo pode ter vários significados. Alguns associam à dificuldade de evacuar, fezes endurecidas, força excessiva para evacuar, sensação de evacuação incompleta ou a necessidade de usar as mãos para ajudar na evacuação. Também é comum relatar distensão abdominal.
O que causa a constipação?
A constipação pode ter diversas causas. Quando não há uma explicação estrutural (como um tumor) ou metabólica (como diabetes), a constipação é considerada funcional, de acordo com os critérios de Roma IV. Isso significa que o intestino não funciona adequadamente, mesmo sem uma alteração identificável em exames.
Tipos de constipação funcional
- Constipação de trânsito intestinal normal: Relacionada a alterações na dieta, estilo de vida e microbiota intestinal.
- Distúrbios da defecacão: O principal é a defecacão dissinérgica, que ocorre por incoordenação dos músculos envolvidos na evacuação.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de constipação funcional segue os Critérios de Roma IV. Para ser considerada constipação funcional, a pessoa precisa apresentar pelo menos dois dos seguintes sintomas em mais de 25% das evacuações, durante os últimos três meses:
- Esforço ao evacuar;
- Fezes endurecidas (tipo 1 ou 2 na Escala de Bristol);
- Sensação de evacuação incompleta;
- Sensação de obstrução ou bloqueio;
- Necessidade de usar manobras manuais para evacuar;
- Menos de três evacuações completas e espontâneas por semana.
Os sintomas devem estar presentes por pelo menos seis meses antes do diagnóstico. A diarreia não deve ocorrer, exceto após o uso de laxantes, e a pessoa não deve atender aos critérios para síndrome do intestino irritável (SII).
O que é a Escala de Bristol?
A Escala de Bristol é uma ferramenta utilizada para classificar a consistência das fezes em sete tipos. Os tipos 1 e 2 indicam fezes endurecidas, comuns em pessoas constipadas. Este parâmetro é mais relevante que a frequência das evacuações para identificar o trânsito intestinal.
O que é a defecacão dissinérgica?
A defecacão dissinérgica acontece quando os músculos envolvidos na evacuação não trabalham de forma coordenada. Isso pode incluir contração paradoxal do esfíncter anal ou falha no relaxamento adequado, o que impede a saída das fezes. É uma alteração de comportamento que pode ser aprendida ou adquirida ao longo da vida.
Muitas vezes, a defecacão dissinérgica se desenvolve na idade adulta, mas há casos que começam na infância. Fatores ginecológicos, como partos vaginais ou histerectomias, podem estar associados a este tipo de distúrbio.
Diagnóstico de defecacão dissinérgica
Para confirmar o diagnóstico, são realizados dois exames principais:
- Teste do balão retal: Mede a capacidade de expelir um balão inflado no reto.
- Manometria anorretal: Avalia a coordenação dos músculos do assoalho pélvico.
Se houver divergência entre os resultados, é recomendada a realização de um exame adicional.
Como tratar a constipação?
O tratamento da constipação intestinal crônica depende da causa, mas geralmente inclui:
- Alterações na dieta: Aumentar a ingestão de fibras (frutas, vegetais, cereais integrais) e líquidos.
- Atividade física: Praticar exercícios regularmente para estimular o funcionamento intestinal.
- Uso de laxantes: Deve ser feito com orientação médica, evitando o uso crônico sem supervisão.
- Terapia com biofeedback: Uma técnica de fisioterapia que ensina o paciente a coordenar melhor os músculos envolvidos na evacuação.
Quando procurar um médico?
Se você apresenta constipação persistente, dor abdominal, sangramento retal ou perda de peso inexplicada, é importante procurar um médico gastroenterologista para uma avaliação mais detalhada. O tratamento precoce pode evitar complicações e melhorar a qualidade de vida.
Se precisar de mais informações ou orientação, agende uma consulta com um especialista. Uma boa saúde intestinal impacta diretamente na sua qualidade de vida!