O Esôfago de Barrett é uma condição que pode surgir como complicação da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). Ela está associada a um maior risco de evolução para câncer de esôfago, especialmente quando não é acompanhada de forma adequada. Por isso, o acompanhamento médico especializado é fundamental para monitoramento e manejo da condição.
O que é Esôfago de Barrett?
Trata-se de uma alteração no revestimento interno do esôfago, que ocorre quando o tecido escamoso normal é substituído por um tipo de tecido semelhante ao que reveste o estômago e o intestino. Essa transformação é chamada de metaplasia intestinal e está diretamente relacionada à exposição prolongada ao ácido do refluxo.
Esse tipo de tecido colunar metaplásico é mais resistente à acidez, mas pode contribuir para o desenvolvimento de lesões pré-malignas em longo prazo.
Como o Esôfago de Barrett é diagnosticado?
O diagnóstico é feito por meio da endoscopia digestiva alta, exame que permite visualizar o revestimento do esôfago. Durante o exame, o médico pode identificar a presença do epitélio colunar — geralmente com aspecto avermelhado e textura aveludada, diferente do revestimento normal, que é mais claro e brilhante.
Para confirmação, são realizadas biópsias do tecido alterado, e o diagnóstico definitivo é feito com base na análise histológica, que deve identificar a presença de células caliciformes, típicas da metaplasia intestinal.
Classificação: Esôfago de Barrett curto e longo
- Curto: quando a extensão do tecido alterado é inferior a 3 cm.
- Longo: quando ultrapassa 3 cm — forma que apresenta maior risco de evolução para adenocarcinoma de esôfago.
Quem tem mais risco de desenvolver Esôfago de Barrett?
A condição é mais comum em:
- Homens brancos com mais de 55 anos
- Pessoas com histórico prolongado de refluxo ácido
- Indivíduos com obesidade ou tabagismo
- Pacientes com histórico familiar de câncer de esôfago
Outros fatores que podem contribuir para o refluxo gastroesofágico persistente e favorecer o aparecimento do Esôfago de Barrett incluem:
- Hipotonia do esfíncter esofágico inferior
- Distúrbios de motilidade esofágica
- Refluxo de bile (duodenogástrico)
- Hipersecreção de ácido gástrico
- Redução da salivação e da sensibilidade esofágica
Sintomas: o Esôfago de Barrett causa sintomas?
O Esôfago de Barrett em si não causa sintomas específicos. Muitos pacientes são assintomáticos e o diagnóstico é feito durante exames de rotina ou investigação de refluxo. No entanto, é comum a presença de sintomas típicos da Doença do Refluxo Gastroesofágico, como:
- Queimação (azia)
- Regurgitação ácida
- Sensação de garganta irritada ou pigarro frequente
Tratamento do Esôfago de Barrett
O tratamento baseia-se no controle rigoroso do refluxo ácido, com o objetivo de interromper o processo inflamatório e reduzir o risco de progressão para câncer. As principais medidas incluem:
- Uso contínuo de inibidores da bomba de prótons (IBPs), como o omeprazol e similares. Mesmo que o paciente não apresente sintomas, essa medicação pode ajudar a reduzir o risco de transformação maligna do tecido.
- Acompanhamento endoscópico regular, conforme orientação médica, para monitorar possíveis alterações no esôfago.
- Mudanças no estilo de vida, como perda de peso, evitar refeições volumosas e não se deitar logo após comer.
A cirurgia antirrefluxo pode ser considerada em alguns casos, especialmente para pacientes que não desejam manter o uso prolongado de medicamentos. No entanto, estudos indicam que ela não é superior aos IBPs em termos de prevenção do câncer, sendo apenas uma alternativa terapêutica.
Este conteúdo é educativo e não substitui consulta médica. Procure um gastroenterologista para avaliação individualizada.