A pancreatite aguda é a doença mais comum do pâncreas e sua incidência vem aumentando globalmente. Consiste na inflamação do pâncreas que pode ser provocado por vários motivos, principalmente bebida alcoólica e cálculo biliar. A elevação na incidência da doença pode estar relacionada a colelitíase (quando há pedras na vesícula biliar) associada a obesidade.
Alguns critérios devem ser preenchidos para se definir a pancreatite aguda: dor epigástrica (na localização do estômago) e/ou dor na parte superior do abdome com irradiação para as costas, alteração dos exames de sangue amilase e lipase pelo menos 3 vezes acima do valor de normalidade e alteração de exame de imagem como tomografia e ressonância. Outro critério necessário é excluir pancreatite crônica.
Assim que diagnosticado a pancreatite aguda, o paciente deve ser classificado de acordo com a severidade da doença que pode ser leve, moderada ou grave. Os quadros leves geralmente se resolvem em 1 semana e não há complicação local ou de outros órgãos. Ao contrário dos quadros moderados a graves que apresentam complicações locais, como coleções ao redor do pâncreas e necrose, e complicações sistêmicas quando envolvem outros órgãos.
A causa mais comum de pancreatite aguda é decorrente do cálculo biliar, chegando a 60% dos casos. Entretanto, apenas 7% dos pacientes com pedras na vesícula desenvolverão pancreatite. É mais comum em mulheres e nos casos de cálculos menores que 0,5 cm.
A segunda causa mais comum é o álcool, mas outras toxinas também podem causar pancreatite aguda, como veneno de escorpião, inseticidas e cigarro. Vários medicamentos já foram listados como fatores causais apesar de serem infrequentes. Geralmente, a pancreatite induzida pelo medicamento ocorre em até 8 semanas do início da droga.
Outra causa importante é a hipertrigliceridemia que pode ser encontrada no paciente diabético descontrolado, no paciente etilista ou naquele paciente em uso de medicamento ou dieta que induz o aumento do triglicérides. O níveis de triglicérides que podem causar pancreatite aguda são bem altos, acima de 1000 mg/dl.
As demais causas são: tumores, parasitas, divertículo duodenal, cálcio elevado, infecções, traumas e doenças vasculares.
Não há um tratamento específico para a pancreatite aguda, então as medidas são de suporte. São indicados a hidratação venosa e o jejum até se obter o controle das náuseas e vômitos. Nos casos leves, uma dieta líquida deve ser iniciada se não houver vômitos e a progressão da consistência da dieta deve ser feita se não houver piora da dor. O controle da dor é muito importante e pode ser feito com analgésicos opióides. O paciente deve ser monitorizado com controle da pressão arterial, saturação de oxigênio e dosagem da função renal. Preferencialmente, essa monitorização deve ser feita em uma unidade de terapia intensiva. A causa da pancreatite aguda deve ser definida a fim de programar o tratamento e evitar um novo episódio. No caso da pancreatite biliar, a colecistectomia (cirurgia para retirar a vesícula biliar com os cálculos) deve ser realizada, a ingestão de bebida alcoólica deve ser desestimulada sempre e as terapias apropriadas para as outras causas devem ser instituídas.