A doença celíaca é uma doença crônica desencadeada pela ingestão de glúten em indivíduos geneticamente predispostos. O glúten é uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada. Nessa condição, o contato com o glúten provoca uma reação imunológica que danifica a mucosa do intestino delgado, levando à má absorção de nutrientes.
Principais sintomas
Os sintomas da doença celíaca variam de pessoa para pessoa. Alguns pacientes apresentam manifestações clássicas, enquanto outros podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas atípicos. Entre os mais comuns estão:
- Sintomas digestivos: diarreia crônica, dor abdominal, distensão e desconforto abdominal, flatulência e perda de peso.
- Deficiências nutricionais: anemia, osteoporose, queda de cabelo e fadiga.
- Outros sinais: aftas recorrentes, alterações na pele, como dermatite herpetiforme, e sintomas neurológicos, como irritabilidade e depressão.
É possível que alguns pacientes apresentem exames alterados sem sintomas aparentes, sendo diagnosticados por meio de exames específicos.
Diagnóstico
O diagnóstico da doença celíaca inclui uma combinação de exames laboratoriais, genéticos e histológicos:
- Exames sorológicos:
- Anti-transglutaminase IgA (tTG-IgA) e anti-endomísio IgA (EMA-IgA) são altamente específicos para a doença celíaca.
- Anti-gliadina deaminada (DGP) pode ser utilizado em algumas situações.
- Anticorpos anti-gliadina tradicionais não são recomendados devido à baixa especificidade.
- Teste genético:
- A presença dos genes HLA-DQ2 e HLA-DQ8 é necessária para o desenvolvimento da doença, mas sua ausência exclui o diagnóstico. No entanto, muitas pessoas com esses genes nunca desenvolvem a doença.
- Biópsia do intestino delgado:
- Considerada o padrão-ouro, avalia as alterações da mucosa intestinal, que podem ser classificadas em estágios (de 0 a 3), sendo o estágio 3 caracterizado por atrofia de vilosidades.
Condições relacionadas e diagnóstico diferencial
Pacientes podem ter sensibilidades ao glúten sem doença celíaca, caracterizadas por sintomas semelhantes, mas com sorologia e histologia normais. Além disso, é importante investigar outras condições que podem coexistir ou mimetizar a doença celíaca, como:
- Intolerância à lactose ou à frutose;
- Síndrome do intestino irritável;
- Supercrescimento bacteriano;
- Doenças autoimunes, como diabetes tipo 1 e tiroidites.
Tratamento
O tratamento da doença celíaca é baseado em uma dieta isenta de glúten por toda a vida. Isso inclui evitar qualquer alimento que contenha trigo, centeio, cevada e derivados. Pequenas quantidades de glúten podem causar danos, mesmo em pacientes assintomáticos.
Monitoramento
- Primeiro ano: visitas a cada 3 a 6 meses para avaliação de sintomas, adesão à dieta e exames sorológicos.
- Densitometria óssea: recomendada após 1 ano de tratamento para avaliar a densidade mineral óssea.
- Reavaliação histológica: após 2 anos para confirmar a regeneração intestinal.
Complicações
Se não tratada adequadamente, a doença celíaca pode levar a:
- Deficiências nutricionais severas;
- Infertilidade;
- Osteoporose;
- Neoplasias, como linfoma intestinal.
Convivendo com a doença celíaca
Adotar uma dieta sem glúten exige atenção e adaptação, mas com informação e suporte é possível levar uma vida saudável. É essencial o acompanhamento com gastroenterologista e nutricionista para garantir a adesão ao tratamento e prevenir complicações.
Conclusão
A doença celíaca é uma condição que, se diagnosticada precocemente e tratada adequadamente, permite uma vida plena e saudável. Caso apresente sintomas ou histórico familiar, procure um especialista para avaliação. O cuidado começa com o conhecimento!